Artigo | Franquias Gigantes: O Impacto no Cinema
- Gus Acioli
- há 22 minutos
- 4 min de leitura

O cinema sempre foi uma janela para novos mundos e ideias, mas algo mudou nas últimas décadas. Em vez de simplesmente nos apresentar a novas histórias, algumas franquias começaram a dominar de forma impressionante a indústria, transformando a maneira como consumimos filmes, como os estúdios produzem e até como as narrativas se desenvolvem.
Franquias como Star Wars, Marvel e Harry Potter não apenas mudaram o mercado cinematográfico, mas também criaram uma nova cultura de entretenimento global.
Como cineasta e apaixonado por cinema, é fascinante observar como esses fenômenos moldaram o cenário da sétima arte. O primeiro grande impacto das franquias foi a criação de universos tão detalhados e expansivos que os fãs não só assistem aos filmes, mas se imergem neles.
Star Wars foi uma das pioneiras nessa construção de mundos, e seu legado é inegável. Desde o lançamento de Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança (1977), George Lucas não apenas criou uma história de ficção científica, mas uma galáxia inteira com seus próprios planetas, espécies, mitologias e filosofias.
O impacto foi tão grande que, décadas depois, continuamos a ver novas adições ao universo com filmes, séries e uma infinidade de produtos derivados. O segredo do sucesso? Uma narrativa que transcende o filme e se torna parte de uma cultura, conectando diferentes gerações de fãs.
Da mesma forma, o Marvel Cinematic Universe (MCU) levou a ideia de criar um universo compartilhado a um nível ainda mais ambicioso. Cada filme lançado não apenas segue uma história principal, mas se conecta com outros, criando um espaço em que personagens e tramas interagem entre si de forma coesa.
Esse conceito de "multiverso", que começou com Os Vingadores (2012), gerou uma verdadeira revolução na indústria, pois agora cada filme é parte de algo muito maior. Esse planejamento estratégico não apenas atraiu grandes públicos para os cinemas, mas também os manteve engajados por mais de uma década.
O fenômeno Harry Potter, por sua vez, criou um mundo mágico que cativou não apenas crianças, mas também adultos. A autora ao criar o universo de Hogwarts, deu ao cinema uma franquia com uma base de fãs imensa e leal, que foi estendida por filmes, parques temáticos, peças de teatro e livros complementares.
A magia de Harry Potter não está apenas nos feitiços, mas no envolvimento emocional que os fãs têm com os personagens e com o universo onde eles crescem, amadurecem e enfrentam desafios.

Essas franquias mudaram a dinâmica da produção cinematográfica. As grandes corporações perceberam o potencial econômico de criar filmes que pudessem gerar uma enorme quantidade de produtos derivados.
Para estúdios como Disney, que adquiriu a Lucasfilm e a Marvel, o impacto é claro: criar franquias de sucesso não é apenas sobre os filmes, mas sobre a vasta gama de produtos e experiências associadas.
Desde brinquedos e roupas até parques temáticos e livros, o lucro gerado por essas franquias vai muito além das bilheteiras. Essa mentalidade gerou uma mudança na forma como os filmes são produzidos. As franquias dominam as bilheteiras e, consequentemente, as grandes produções de Hollywood.
Como cineasta independente, vejo que o orçamento médio para filmes originais se tornou muito menor em comparação com o colossal custo de produzir um blockbuster de franquia.
O mercado de filmes originais foi gradualmente invadido pelas grandes produções de franquias que, por sua vez, garantem uma maior margem de lucro e um público mais garantido.
Claro, com o sucesso vem a repetição. A fórmula de produção de franquias altamente lucrativas levou a uma saturação de filmes sequenciais, reboots e spin-offs. Às vezes, como fã e cineasta, fico questionando até que ponto essas repetições têm contribuído para a evolução do cinema.
Ao mesmo tempo, não podemos negar que as franquias também geraram oportunidades para novas formas de contar histórias, como vimos com a chegada das séries de TV interligadas, como as do MCU e o universo expandido de Star Wars.
O impacto das grandes franquias vai além do mercado cinematográfico. Elas criaram comunidades globais de fãs, dispostos a discutir, debater e até mesmo teorizar sobre os mínimos detalhes de suas histórias. Star Wars, Marvel e Harry Potter não são apenas filmes; são partes de uma identidade cultural que une pessoas de diferentes idades, etnias e culturas.

Como alguém que está envolvido na produção de conteúdo, isso me faz refletir sobre como as histórias podem ultrapassar as barreiras de linguagem e espaço e se tornar um elo poderoso entre as pessoas. Essa paixão dos fãs é um fenômeno único no cinema.
O lançamento de um novo filme de franquia muitas vezes causa um verdadeiro alvoroço nas redes sociais, com teorias e spoilers se espalhando como fogo em palha seca. Isso fortalece ainda mais o engajamento com o conteúdo e mantém a chama acesa entre os lançamentos, criando um ciclo contínuo de expectativa e consumismo.
O fandom é uma ferramenta poderosa de marketing, com os próprios fãs ajudando a promover a franquia por meio de suas interações online. Como cineasta, a grande pergunta que me faço é: o que vem depois? Será que esse modelo de franquias, que já domina o mercado, continuará a crescer sem limites, ou os espectadores começarão a desejar mais experiências novas e inovadoras?
Há algo de fascinante e ao mesmo tempo desafiador em tentar equilibrar as expectativas dos fãs com a necessidade de inovação criativa. Para mim, a questão é como manter a emoção dessas franquias sem cair na armadilha da repetição constante.
Uma possível resposta pode estar na introdução de novas vozes criativas nas franquias. Como vimos com Pantera Negra e Vingadores: Ultimato, a diversidade de diretores e perspectivas tem um grande potencial para renovar e expandir as histórias já estabelecidas. O desafio será continuar a inovar enquanto se respeita o legado dessas marcas imensas.
As grandes franquias citadas nesse texto não são apenas fenômenos de entretenimento, mas marcos importantes na evolução do cinema. Elas moldaram o mercado, criaram novas formas de consumo e impactaram profundamente a cultura popular.
Como cineasta, admiro o poder dessas franquias em reunir pessoas e expandir a imaginação, mas também vejo o desafio de manter o equilíbrio entre o blockbuster e a inovação criativa. O futuro do cinema estará, sem dúvida, nas mãos de novas histórias que também podem se tornar franquias, mas que, ao mesmo tempo, continuarão a empurrar os limites da arte cinematográfica.
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