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Crítica | Sayonara - Um Amor em Tempos de Conflito


Sayonara é um drama romântico que mergulha nas complexas tensões entre os Estados Unidos e o Japão após a Segunda Guerra Mundial, um período marcado pela brutalidade dos conflitos e pelo difícil processo de reconciliação entre as nações.


Sob a direção de Joshua Logan, o filme traz Marlon Brando como Major Lloyd Gruver, um veterano da guerra que se vê dividido entre seu dever no exército americano e um sentimento de amor inesperado por Hana-ogi, interpretada por Miiko Taka, uma mulher japonesa.


A trama começa com Gruver, cético em relação aos casamentos entre americanos e japoneses, sendo convidado a ser padrinho no casamento de um colega de seu esquadrão. Porém, o enredo toma um rumo diferente quando ele se apaixona por Hana-ogi, o que coloca sua carreira e sua lealdade em risco.


Em meio ao preconceito racial e às ordens impiedosas do exército, que não permite que oficiais casem com japonesas e as levem de volta aos Estados Unidos, o casal precisa enfrentar não apenas a animosidade de suas respectivas culturas, mas também as consequências da intolerância.

Embora o filme se beneficie de um roteiro bem estruturado, que reflete a animosidade dos americanos em relação aos japoneses após a guerra, é impossível não notar que alguns momentos poderiam ter sido mais ágeis, principalmente no desenvolvimento do romance entre Lloyd e Hana-ogi.


No entanto, à medida que o relacionamento deles avança, fica claro que as barreiras culturais e ideológicas entre os dois começam a desmoronar, tornando inevitável a conexão emocional.


O romance se fortalece através da comunicação não verbal, especialmente pelas atuações de Brando e Taka, que transmitiram as emoções de seus personagens com a intensidade de seus olhares.

O ponto principal do filme — a intolerância entre os países e o impacto do preconceito — ressurge ao longo da história, criando uma reflexão importante sobre os limites do nacionalismo e a dificuldade de se superar o ódio e as mágoas do passado.


Essa mensagem se intensifica por meio de um casamento secundário na trama, onde um casal enfrenta uma decisão drástica para evitar a separação, graças às ordens implacáveis do exército americano.


Após um clímax um tanto previsível, mas não menos impactante, Sayonara oferece uma reviravolta que satisfaz aqueles que torcem pelo amor entre Lloyd e Hana-ogi.


O ritmo do filme é bem equilibrado, sem se arrastar excessivamente, e a direção de Logan, embora não seja inovadora, é eficaz ao transmitir as emoções de seus personagens, especialmente através do olhar penetrante de Marlon Brando.

A fotografia, considerando época, é um dos destaques do filme, com imagens cuidadosamente compostas que capturam a beleza da cultura japonesa, enquanto os figurinos e cenários são fiéis às tradições de ambos os países, refletindo as tensões e contrastes que permeiam a história.


Embora a trilha sonora tenha seus momentos significativos, como na cena final, ela não é o principal destaque da produção.


As atuações, por sua vez, são marcantes, com Brando dominando a tela com sua presença silenciosa e Taka explorando as complexas emoções de sua personagem por meio de gestos sutis.

Sayonara entrega uma história de amor clássica, na qual o público torce para o casal principal superar as barreiras culturais e os desafios impostos por um mundo dividido pela guerra e pelo preconceito.


Embora não ofereça grandes surpresas, o filme é uma reflexão sobre os danos causados pelo ódio e pela intolerância, ao mesmo tempo, em que celebra a força do amor em tempos difíceis.


Para os amantes de romances intensos, este filme é uma excelente escolha, capaz de tocar os corações dos espectadores até o último momento. Com uma história envolvente e uma fotografia esteticamente agradável, Sayonara é um filme que consegue se tornar memorável. Nota: 7/10.



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