Crítica | The Voyeurs - A Espiã do Vício e da Obsessão
- Gus Acioli
- 18 de fev.
- 3 min de leitura

The Voyeurs, dirigido e roteirizado por Michael Mohan, é um suspense psicológico que explora os limites da curiosidade, da moralidade e da privacidade, enquanto os personagens se veem confrontados com suas próprias obsessões. A trama acompanha Pippa (Sydney Sweeney) e Thomas (Justice Smith), um jovem casal que se muda para um novo apartamento com uma vista privilegiada, e como essa visão acaba se transformando em um perigoso vício por espiar seus vizinhos.
Pippa e Thomas, recém-mudados para um apartamento em Montreal, têm a sorte de viver em um local com uma excelente vista para o centro da cidade — e, especialmente, para a residência do outro lado da rua. Inicialmente, eles apenas observam os vizinhos, um casal aparentemente perfeito, levando uma vida luxuosa e cheia de glamour. Mas logo, a curiosidade inicial se transforma em uma obsessão total, principalmente quando eles começam a testemunhar a vida íntima do casal, incluindo uma traição do marido (Ben Hardy) à esposa (Natasha Liu Bordizzo).
O que começa como uma simples diversão, observações ocasionais da janela, logo se torna uma obsessão. Pippa e Thomas passam a acompanhar cada movimento dos vizinhos, tornando-se cada vez mais envolvidos no drama que se desenrola. Ao perceberem a traição, eles se dividem sobre o que fazer: devem intervir ou continuar como observadores silenciosos de uma vida que não é a deles? Essa dúvida lança o casal em um jogo psicológico perigoso e distorcido sobre privacidade, moralidade e desejo.

O grande tema de The Voyeurs gira em torno do voyeurismo e das implicações morais de observar a vida alheia sem ser visto. O filme examina como a linha entre curiosidade inocente e obsessão pode se desfazer de maneira rápida e aterradora.
Enquanto Pippa parece mais cativada pela vida do casal vizinho, especialmente pela mulher traída, Thomas tem suas próprias motivações e dúvidas, o que gera uma dinâmica interessante entre eles. Essa exploração do voyeurismo não é apenas física — os personagens são compelidos a olhar para dentro de si mesmos e questionar seus próprios limites morais.
O filme faz um ótimo trabalho ao tratar da tensão crescente entre o desejo e a ética. A cada espiada, os dois protagonistas mergulham mais fundo nesse jogo de esconde-esconde emocional, o que faz com que o suspense se intensifique. A cinematografia ajuda a reforçar essa sensação de invasão e controle, com ângulos e enquadramentos que sugerem constantemente a ideia de estar sendo observado.
Sydney Sweeney, famosa por seu papel em Euphoria, brilha como Pippa, a jovem que fica fascinada pela vida dos outros. Sua interpretação é sutil, mas poderosa, à medida que sua personagem passa de uma curiosidade inocente a uma obsessão perigosa. A química entre ela e Justice Smith, que interpreta Thomas, é palpável, com ambos lidando com suas próprias inseguranças e dilemas morais enquanto se aprofundam cada vez mais na espiral do voyeurismo.

Ben Hardy, como o vizinho infiel, oferece uma performance interessante, equilibrando charme e dissimulação, o que torna sua traição ainda mais intrigante para os espectadores. Sua atuação traz um ar de mistério, e sua relação com a esposa, interpretada por Natasha Liu Bordizzo, adiciona outra camada de complexidade à narrativa.
A tensão entre os personagens cresce à medida que a história avança, com Pippa e Thomas questionando não apenas a moralidade de suas ações, mas também os limites do que é aceitável em nome da curiosidade.
O suspense de The Voyeurs está atrelado à crescente sensação de desconforto e tensão moral. O fato de Pippa e Thomas estarem apenas observando, sem nunca interagir diretamente com os outros personagens, cria uma atmosfera de medo e incerteza. À medida que a história se desenrola, torna-se claro que esse simples ato de observar não é inocente — ele começa a afetar profundamente os personagens e a mudar suas próprias realidades.

O filme constrói uma atmosfera tensa através de sua direção de arte e cinematografia. A estética minimalista do apartamento, com sua vista panorâmica para o mundo exterior, funciona como uma metáfora para o isolamento emocional e o desejo de controle. O uso de janelas e espelhos acentua o tema da observação, colocando os personagens constantemente à vista e em risco de se perderem nesse ciclo vicioso.
The Voyeurs é um suspense psicológico que explora as consequências do voyeurismo e da invasão da privacidade. Através de um olhar atento sobre seus personagens e a evolução de sua obsessão, o filme oferece uma reflexão sobre os limites da moralidade e o que acontece quando se ultrapassam esses limites. Com um elenco talentoso e uma direção eficaz, o filme mantém a tensão e o suspense até seu clímax, deixando o espectador questionando o que faria em uma situação semelhante.
Classificação: 7.5/10
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