Artigo | Do Oriente para o Mundo: O Cinema Asiático
- Gus Acioli

- 1 de jul.
- 3 min de leitura

O cinema asiático sempre teve uma força criativa única, mas nos últimos anos, ele deixou de ser um "nicho" para se tornar uma potência reconhecida no cenário global.
Como amante da sétima arte, é impossível não me maravilhar com a forma como cineastas como Bong Joon-ho, Akira Kurosawa e Zhang Yimou transformaram suas narrativas culturais em obras universais que impactaram audiências ao redor do mundo. Hoje, quero explorar com vocês como o cinema asiático conquistou esse espaço e por que continua a ser tão influente e inspirador.
Se existe um nome que simboliza o início do reconhecimento do cinema asiático no Ocidente, é Akira Kurosawa. Com filmes como Rashomon (1950) e Os Sete Samurais (1954), Kurosawa não só revolucionou a forma de contar histórias no Japão, mas também impactou diretamente o cinema global.
Lembro da primeira vez que assisti a Rashomon. A narrativa não-linear e a perspectiva múltipla dos personagens foram tão inovadoras que mudaram minha visão sobre o que o cinema poderia ser. E não fui o único a me sentir assim — diretores como George Lucas, Sergio Leone e Martin Scorsese admitem ter sido profundamente influenciados por Kurosawa.

Sem ele, talvez não tivéssemos Star Wars ou os clássicos faroestes spaghetti. Kurosawa não apenas colocou o cinema asiático no mapa; ele provou que as histórias japonesas tinham o poder de ressoar universalmente.
Quando Parasita venceu o Oscar de Melhor Filme em 2020, eu senti que estávamos testemunhando um momento histórico. Foi a primeira vez que um filme de língua não inglesa conquistou o prêmio mais cobiçado da Academia. E Bong Joon-ho, com sua genialidade, nos mostrou como a indústria sul-coreana havia atingido um novo patamar.
A beleza do trabalho de Bong é como ele mistura gêneros. Parasita começa como uma comédia social, mas logo se transforma em um thriller sombrio e cheio de tensão. O filme não só critica as desigualdades de classe na Coreia do Sul, mas também provoca reflexões globais sobre a divisão social.
E não podemos esquecer outros filmes sul-coreanos incríveis, como Oldboy (2003) de Park Chan-wook e O Hospedeiro (2006), também de Bong Joon-ho. Essa geração de cineastas colocou a Coreia do Sul como um dos polos mais vibrantes e inovadores do cinema mundial.
Já repararam como os filmes de Zhang Yimou são verdadeiras pinturas em movimento? Herói (2002), O Clã das Adagas Voadoras (2004) e Lanternas Vermelhas (1991) não são apenas histórias fascinantes — são espetáculos visuais que celebram a cultura e a história chinesas.

Quando assisti a Herói, fiquei impressionado com o uso das cores. Cada cena parecia ter sido cuidadosamente projetada para transmitir emoções específicas, desde a paixão até a traição. Zhang Yimou não só trouxe a rica tradição chinesa para o público internacional, mas também provou que o cinema pode ser uma arte visual tão poderosa quanto a pintura ou a fotografia.
Se Kurosawa foi a porta de entrada para o cinema asiático e Bong Joon-ho representa sua era moderna, Zhang Yimou é o elo que conecta tradição e inovação, mostrando ao mundo a beleza da cultura chinesa.
O que torna o cinema asiático tão especial? Para mim, é a forma como ele combina o específico com o universal. Esses filmes exploram profundamente questões culturais locais, mas ao mesmo tempo tocam temas que todos nós podemos entender: família, amor, desigualdade, honra, sobrevivência.
Além disso, cineastas asiáticos têm se destacado por desafiar convenções narrativas e visuais. Eles trazem uma sensibilidade diferente ao contar histórias, muitas vezes focando no silêncio, na simbologia e no subtexto, em vez de explicitar tudo na tela.

Hoje, vemos o impacto do cinema asiático em produções ocidentais. Diretores como Quentin Tarantino, os Irmãos Wachowski e até os produtores de Game of Thrones admitem influências de filmes asiáticos. Não é exagero dizer que o cinema mundial seria muito diferente sem essas contribuições.
O que mais me anima é que essa ascensão está longe de terminar. Com cineastas como Ryusuke Hamaguchi (Drive My Car), Lee Chang-dong (Em Chamas) e até estúdios como o Studio Ghibli, o cinema asiático continua a crescer e surpreender.
Plataformas de streaming, como Netflix e Amazon Prime, também têm ajudado a popularizar esses filmes, tornando-os acessíveis a uma audiência global. Assistir a um filme asiático é como abrir uma janela para uma nova perspectiva do mundo.
É uma chance de ver histórias que desafiam expectativas, com visuais impressionantes e narrativas que ficam com você muito depois de os créditos rolarem. Para mim, é um lembrete constante do poder que o cinema tem de nos conectar — independentemente da língua ou da cultura.



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