Crítica | Armadilha - Quando o Show Vira Caçada Mortal
- Gus Acioli
- 9 de ago. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de nov. de 2024

M. Night Shyamalan retorna às telonas com Armadilha, um suspense/thriller que combina a tensão de um show pop com a caçada de um serial killer.
O filme segue Cooper (Josh Hartnett), um assassino em série capturado em um show cuidadosamente armado para prendê-lo. Com a trama se desenrolando em tempo real durante a apresentação da estrela pop Lady Raven (Saleka Shyamalan), o longa se transforma em um intenso jogo de gato e rato.

O enredo apresenta uma premissa original, especialmente ao unir o vibrante universo do entretenimento pop com a perseguição a um criminoso perigoso. A ideia de prender um serial killer em meio a um espetáculo repleto de fãs gera momentos de tensão genuína, capturando a claustrofobia de um ambiente onde não há escapatória.
Entretanto, o filme tropeça em previsibilidades, principalmente no desfecho, que se torna excessivamente expositivo, deixando pouco para a imaginação do espectador.

Os personagens são bem construídos, com Josh Hartnett se destacando ao interpretar um protagonista complexo, simultaneamente perigoso e vulnerável. No entanto, Lady Raven, apesar de sua energia em cena, tem uma participação que por vezes parece desconectada da narrativa principal, enfraquecendo a coesão da história.
Armadilha explora a dualidade entre aparência e realidade, mostrando a luta interna de Cooper em um ambiente repleto de superficialidade. O filme também toca na capacidade das superestrelas de influenciar e mobilizar suas audiências, adicionando uma camada interessante à trama.
Shyamalan é, como de costume, habilidoso na criação de atmosferas intensas. Ele conduz o espetáculo com maestria, mantendo a tensão elevada durante a maior parte do filme. Porém, peca ao entregar um final detalhado demais, diluindo a intensidade que vinha sendo construída.

Visualmente, Armadilha é um banquete para os olhos. A fotografia capta a atmosfera vibrante e caótica do show, enquanto as cores e luzes intensificam a imersão do espectador nesse universo.
A trilha sonora, assinada por Saleka Shyamalan, complementa perfeitamente o clima de urgência, destacando-se nas cenas de maior tensão.
Os efeitos especiais são utilizados com precisão, sem excessos, focando na ação dentro do show. O design de produção também merece elogios pela recriação detalhada e convincente de um grande espetáculo pop.

Josh Hartnett brilha como o problemático Cooper, enquanto Saleka Shyamalan traz uma atuação cheia de energia. Ariel Donoghue também se destaca, interpretando a filha de Cooper com a dose certa de emoção.
Armadilha cumpre sua promessa de ser um suspense envolvente, embora o final possa frustrar aqueles que esperavam mais sutileza e mistério.
Ainda assim, o filme é uma escolha sólida para fãs de thrillers psicológicos e do estilo peculiar de Shyamalan. O final poderia ser menos expositivo, permitindo que o público deduzisse mais da trama sem a necessidade de explicações tão detalhadas.
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