Crítica | O Corvo - Um voo raso sobre um clássico cult
- Gus Acioli
- 5 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 2 de nov. de 2024

O Corvo é uma reinterpretação moderna do icônico filme de 1994. Na nova versão, Eric Draven (Bill Skarsgård), um jovem viciado em drogas, se apaixona por Shelly Webster (FKA Twigs) enquanto ambos estão em uma penitenciária de reabilitação.
Após fugirem do local, o casal é brutalmente assassinado por ordens de um homem misterioso, devido ao envolvimento de Shelly em um crime. Sem poder descansar em paz, Eric retorna do além em busca de vingança, atravessando os mundos dos vivos e dos mortos para corrigir os erros do passado.
A trama tenta equilibrar a nostalgia com uma abordagem contemporânea, preservando a essência que fez do original um clássico cult.

A premissa de O Corvo é promissora, mas a execução deixa a desejar. O filme tenta, sem sucesso, estabelecer um vínculo emocional entre os personagens principais, o que compromete o desenvolvimento da trama.
A relação entre Eric e Shelly é retratada de forma tão superficial que é difícil acreditar na intensidade do amor que motiva a vingança de Eric. Essa falta de profundidade torna o enredo raso e pouco envolvente, dificultando a conexão do público com a história.

A ideia central de vingança, que poderia ser o ponto forte do filme, acaba sendo prejudicada por uma execução falha. Momentos que deveriam ser reviravoltas impactantes são mal aproveitados, e cenas que prometiam ser memoráveis perdem sua força por terem sido previamente exibidas no trailer.
O ritmo do filme é lento, e embora consiga manter o espectador acordado até o final, há momentos em que a narrativa se arrasta, deixando uma sensação de que o filme prometeu mais do que entregou.

A direção de Rupert Sanders é confusa, falhando em inovar ao tentar combinar elementos antigos e novos. A decisão de introduzir um romance entre os personagens de forma apressada, em vez de desenvolver um relacionamento já existente, agrava os problemas do roteiro, que apresenta furos significativos que poderiam ter sido corrigidos.
A fotografia, apesar de criar uma atmosfera adequada para o filme, acaba sendo ofuscada por uma história que não a sustenta.

A trilha sonora, que poderia ter sido um ponto de destaque ao combinar elementos do passado e do presente, passa despercebida.
Os efeitos visuais são bem executados e mostram o investimento em segurança no set, evitando tragédias como a que ocorreu na produção original.
No entanto, mesmo com uma atuação convincente do elenco, especialmente de Bill Skarsgård, o roteiro não permite que os atores mostrem todo o seu potencial, resultando em performances sem brilho.

O design de produção é bem realizado, com cenários e figurinos que capturam a ambientação desejada, mas os problemas técnicos, como a direção e o roteiro, desvalorizam esse esforço.
O filme tenta trazer a história de O Corvo para o público moderno, mas falha em capturar a essência que fez do original um clássico. O resultado é uma adaptação esquecível, que parece ter sido criada apenas para algumas cenas específicas.

Infelizmente, O Corvo decepciona ao tentar reimaginar um clássico. O filme é uma prova de que, mesmo com um orçamento limitado, é possível fazer muito mais quando se tem uma ideia clara e um direcionamento criativo focado em entregar algo verdadeiramente inovador.
Em uma escala de 1 a 10, este filme dificilmente ultrapassa a marca de 5.

O Corvo tinha o potencial de ser uma reinterpretação impactante, mas o que vemos é um filme que, apesar de algumas boas intenções, não consegue alcançar o auge da história original.
É um filme que será facilmente esquecido e que, sinceramente, não recomendaria a quem busca uma experiência cinematográfica marcante.
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